quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

P.B. SHELLEY - SONNET (´YE HASTEN TO THE GRAVE!´) POST DE JORGE LUIZ DE OLIVEIRA

Leitores assíduos, desta vez trago-lhes P.B. Shelley. Conhecido na época como Shelley - o louco, por seu ceticismo. Segue este poema brilhante abaixo. Enjoy!

"Sonnet (´Ye hasten to the grave!´)

Ye hasten to the grave! What seek yet there,
Ye restless thoughts and busy purposes
Of the idle brain, which the world´s livery wear?
O thou quick Heart, which pantest to possess
All that pale Expectation feigneth fair!
Thou vainly curious mind which wouldest guess
Whence thou didst come and whither thou must go,
And all, that never yet was known, wouldst know,
O whither hasten ye, that thus ye press
With such swift feet life´s green and pleasant path,
Seeking alike from happiness and woe
A refuge in the cavern of grey death?
O Heart and Mind, and Thoughts, what thing do you
Hope to inherit in the grave below?

(P.B. Shelley)"


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

H.P. LOVECRAFT - O QUE A LUA TRAZ CONSIGO - CONTO / POST DE JORGE LUIZ DE OLIVEIRA

BREVE INTRODUÇÃO:

Neste segundo Post de 2017, trago-lhes Howard Phillips Lovecraft (1890-1937), contista estadunidense cujo principal tema é: "O horror sobrenatural na literatura" ou, em suma, "a essência do horror cósmico". Nascido em Providence, Rhode Island, H.P. Lovecraft segue a linhagem de Edgar Allan Poe... Traduções de Guilherme da Silva Braga, o conto foi extraído do livro da Editora Hedra intitulado: "H.P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu e Outros Contos", página 41. Antes, seguem 2 citações de H.P. Lovecraft. Eu, pessoalmente, travei contato com a leitura de H.P. Lovecraft pela primeira vez em 2002, aos 17 anos.

"A emoção mais antiga e mais forte do homem é o medo, e o medo mais antigo e mais forte é o medo do desconhecido." - H.P. Lovecraft.

"Não está morto o que eterno jaz,
No tempo a morte é de morrer capaz." - H.P. Lovecraft.

"H.P. LOVECRAFT

O QUE A LUA TRAZ CONSIGO - Conto

Odeio a lua -- tenho-lhe horror -- pois às vezes, quando ilumina cenas familiares e queridas, transforma-as em coisas estranhas e odiosas.
  Foi durante o verão espectral que a lua brilhou no velho jardim por onde eu errava; o verão espectral de flores narcóticas e úmidos mares de folhagens que evocam sonhos extravagantes e multicoloridos. E enquanto eu caminhava pelo raso córrego cristalino percebi extraordinárias ondulações rematadas por uma luz amarela, como se aquelas águas plácidas fossem arrastadas por correntezas irresistíveis em direção a estranhos oceanos para além deste mundo. Silentes e suaves, frescas e fúnebres, as águas amaldiçoadas pela lua corriam a um destino ignorado; enquanto, dos caramanchões à margem, flores brancas de lótus desprendiam-se uma a uma no vento opiáceo da noite e caíam desesperadas na correnteza, rodopiando em um torvelinho horrível por sob o arco da ponte entalhada e olhando para trás com a resignação sinistra de serenos rostos mortos.
  E enquanto eu corria ao longo da margem, esmagando flores adormecidas com meus pés relapsos e cada vez mais desvairado pelo medo de coisas ignotas e pela atração exercida pelos rostos mortos, percebi que o jardim não tinha fim ao luar; pois onde durante o dia havia muros, descortinavam-se novos panoramas de árvores e estradas, flores e arbustos, ídolos de pedra e pagodes, e curvas do regato iluminado para além das margens verdejantes e sob grotescas pontes de pedra. E o lábios daqueles rostos mortos de lótus faziam súplicas tristes e pediam que eu os seguisse, mas não parei de andar até que o córrego se transformasse em rio e desaguasse, em meio a pântanos de juncos balouçantes e praias de areia refulgente, no litoral de um vasto mar sem nome.
  Neste mar a lua odiosa brilhava, e acima das ondas silentes estranhas fragrâncias pairavam. E lá, quando vi os rostos de lótus desaparecerem, anseei por redes para que eu pudesse capturá-los e deles aprender os segredos que a lua havia confinado à noite. Mas quando a lua moveu-se em direção ao Ocidente e a maré estagnada refluiu para longe da orla tétrica, pude ver sob aquela luz os antigos coruchéus que as ondas quase revelavam e colunas brancas radiantes com festões de algas verdes. E, sabendo que todos os mortos estavam congregados naquele lugar submerso, estremeci e não quis mais falar com os rostos de lótus. 
  Contudo, ao ver um condor negro ao largo descer do firmamento para descansar em um enorme recife, senti vontade de interrogá-lo e perguntar sobre os que conheci ainda em vida,
Era o que eu teria perguntado se a distância que nos separava não fora tão vasta, mas o pássaro estava demasiado longe e sequer pude vê-lo quando se aproximou do gigantesco recife.
  Então observei a maré vazar à luz da lua que aos poucos baixava, e vi os coruchéus brilhando, as torres e os telhados da gotejante cidade morta. E enquanto eu observava, minhas narinas tentavam bloquear a pestilência de todos os mortos do mundo; pois, em verdade, naquele lugar ignorado e esquecido reuniam-se todas as carnes dos cemitérios para que os túrgidos vermes marinhos desfrutassem e devorassem o banquete.
  Impiedosa, a lua pairava logo acima desses horrores, mas os vermes túrgidos não precisam da lua para se alimentar. E enquanto eu observava as ondulações que denunciavam a agitação dos vermes lá embaixo, pressenti um novo calafrio vindo de longe, do lugar para onde o condor voara, como se a minha carne houvesse sentido o horror antes que meus olhos o vissem. 
  Tampouco a minha carne estremecera sem motivo, pois quando ergui os olhos percebi que a maré estava muito baixa, deixando à mostra boa parte do enorme recife cujo contorno eu já avistara. E quando vi que o recife era a negra coroa basáltica de um horripilante ícone cuja fronte monstruosa surgia em meio aos baços raios do luar e cujos temíveis cascos deviam tocar o lodo fétido a quilômetros de profundidade, gritei e gritei com medo de que aquele rosto emergisse das águas, e de que os olhos submersos avistassem-me depois que a maligna e traiçoeira lua amarela desaparecesse.
  E para escapar a essa coisa medonha, atirei-me sem hesitar nas águas pútridas onde, entre muros cobertos de algas e ruas submersas, os túrgidos vermes marinhos devoram os mortos do mundo." 



domingo, 1 de janeiro de 2017

THOMAS CARLYLE - FORTUNA / POEM - POST POR JORGE LUIZ DE OLIVEIRA

BREVE INTRODUÇÃO:

Caríssimos leitores, eu inicio 2017 com o poema de Thomas Carlyle intitulado: Fortuna. Antes, citarei algumas características sobre T. Carlyle. Para os leitores, em geral, autores como Carlyle costumam ser deslumbrantes no começo. Porém, tornam-se intoleráveis ao longo do tempo. Carlyle nasceu na Escócia em 1795 e sua morte deu-se em Londres, no bairro de Chelsea, em 1881. Além de ser o precursor do Nazismo, possuía um estilo de escrita mais atormentado que Goethe (que fazia uso de um estilo mais sereno de escrita) e "acreditou encontrar" em Goethe, um mestre. Pois, em verdade, Carlyle tinha uma enorme preocupação ética, característica da alma escocesa. Goethe era considerado um autor olímpico (ou seja, brando). Agora, após esta brevíssima introdução, segue o poema: Fortuna, de T. Carlyle.

"FORTUNA
( THOMAS CARLYLE )

The wind blows east, the wind blows west,
And the frost falls and the rain:
A weary heart went thankful to rest,
And must rise to toil ´gain,
And must rise to toil again.

The wind blows east, the wind blows west,
And there comes good luck and bad;
A thriftiest man is the cheerfulest;
´Tis a thriftless thing to be sad, sad,
´Tis a thriftless thing to be sad.

The wind blows east, the wind blows west;
Ye shall know a tree by its fruit:
This world, they say, is worst to the best; --
But a dastard has evil to boot, boot,
But a dastard has evil to boot.

The wind blows east, the wind blows west;
What skills it to mourn or to talk?
A journey I have, and far ere I rest;
I must bundle my wallets and walk, walk,
I must bundle my wallets and walk.

The wind does blow as it lists alway;
Canst thou change this world to thy mind?
The world will wander its own wise way;
I also will wander mine, mine,
I also will wander mine."

( FORTUNA - THOMAS CARLYLE )